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quinta-feira, 2 de dezembro de 2010



Movimento...

por Gilvan Souza

Qual o tempo certo do "clic"? Quem pratica esportes precisa antecipar na mente os seus movimentos e os do adversário, planejando a ação, sentindo cada contração muscular e imaginando já o resultado de seu empenho. É nesse ritmo também que o fotógrafo esportivo faz suas imagens, prevendo as manobras, como se as pudesse ver em câmera lenta antes mesmo de acontecerem. "Temos que ser meio videntes", conta Gilvan Souza, fotojornalista esportivo do Jornal Lance.

Sua história é daquelas de paixão antiga. Desde moleque gostava de fotografia, mas até fazer dela sua alegria de trabalhar teve que andar por aí como office boy, bancário, vendedor, telemarketing e até fiscal de direitos autorais. Finalmente, em 98, começou a fotografar pelo jornal O Povo. Mas foi em 2002 que iniciou suas experiências com esporte, no Jornal dos Sports.

O esporte em geral proporciona imagens bastante plásticas. Além dos movimentos, é fundamental o registro da emoção, das sensações dos atletas. Os detalhes de um segundo congelado podem traduzir o jogo inteiro.
O cenário é outro espetáculo à parte. Captar a emoção da torcida, a beleza de um estádio cheio, os olhares de quem acompanha seu atleta favorito em busca da medalha. Não é uma tarefa fácil! É preciso agilidade, atenção e, dependendo da modalidade, alguma técnica (já pensou em escalar?), coragem e espírito de aventura! 

Atualmente as profissão de jornalista e fotógrafo esportivos é bastante valorizada no mundo todo, mas nem sempre foi assim. No final da década de 1910 surgiu no Rio de Janeiro o que se considera o embrião da imprensa esportiva, a Revista Vida Esportiva. Na década de 20 os jornais começam a dar mais destaque ao futebol, com lances, inclusive, em 1ª página. Para o Brasil a grande ascensão do esporte na mídia se dá juntamente com a ascensão do futebol, na década de 30, com a 1ª Copa do Mundo e a ida do Brasil ao Uruguai.
O jornalista e o fotojornalista esportivo eram considerados de uma categoria inferior até então. Com a crescente importância do esporte, atrelada ao sucesso do Brasil como país do futebol, esses profissionais ganharam prestígio e hoje disputam prêmios como o Troféu Adilson Couto de Jornalismo Esportivo.

Para Gilvan a principal dificuldade dessa profissão, no entanto, é começar. Ganhar espaço, ser visto pelos meios impressos e ganhar reconhecimento exige trabalho e dedicação. Isso sem falar que a competição aumentou de uns anos pra cá com o aprimoramento das câmeras digitais e sua popularização. Na época dos famosos rolos de filme era preciso muito mais conhecimento das técnicas de fotografia e de revelação. 

Entretanto, se muitos podem ser fotógrafos, poucos são bons fotógrafos. Para ter resultados de destaque é preciso ter olhar apurado, criatividade, sensibilidade, vocação e  investir em cursos e equipamentos de qualidade, não apenas câmeras, mas lentes especiais, laptops, flashes potentes. É preciso saber quem é referência, e falar de fotografia esportiva também é falar de nomes como Ivo Gonzalez e Donald Miralle. Gonzalez é formado em jornalismo pela PUC-RJ e trabalha como fotojornalista para o jornal O Globo desde 1990. Cobriu as Copas do Mundo de 1994 a 2009, Copas das Confederações de 1997 a 2005 e Copa América na Bolívia em 1997. Fotografou as Olimpíadas de Atlanta (1996), Sydnei (2000), Atenas (2004) e Pequim (2008). Lançou o livro Fotografia de esporte, pela editora Photos.




Já Donald Miralle é californiano e comandou a equipe da Getty Imagens na cobertura do Pan, no Rio de Janeiro. Além de cobrir eventos de esporte, como os Jogos Olímpicos de inverno e verão e campeonatos de natação, Miralle fotografa para campanhas de importantes marcas associadas à atividade física, como a Nike, Gatorade e Adidas. 

"O mais importante na fotografia editorial é que você deve captar a cena no momento em que ela acontece, não no momento em que você quer que elas aconteçam. Você precisa acrescentar integridade jornalística quando produzir as fotos no computador. Por outro lado, a fotografia comercial é totalmente planejada." (entrevista completa)

Miralle se destaca por fotos de esportes menos "clicados" pela grande mídia, como tênis de mesa, golfe e esgrima. 

por Donald Miralle

Estático!

Enquanto o movimento é um desafio para alguns, para outros ele nem existe. O objeto fotografado é estático, só precisa que o coloquem na posição certa. É o caso da fotografia gastronômica. 
E nesse ramo, Berg Silva é um ótimo exemplo. Curioso com as coisas do mundo, começou a brincar de fotografia quando tinha 14 anos, registrando suas descobertas. Hoje é referência na arte de fotografar alimentos, com mais de 30 clientes entre restaurantes, cafeterias, bares etc.

Drinks do Restaurante Ícaro, no Shopping Rio Sul:
"Arremessar gelo no copo deu uma explosão de plasticidade,
despertando a atenção do cliente"

Essa história aconteceu meio por acaso. Trabalhava como repórter fotográfico e aos pouco foi percebendo a demanda do mercado pelas pautas que surgiam. Decidiu investir. Comprou um bom equipamento fotográfico, com lentes especiais e um equipamento de luz. Montou o Stúdio Bs Fotografia.

A fotografia gastronômica se insere num segmento da publicidade, que é a fotografia de produto. Costumam ser feitas para cartazes, folhetos, displays, anúncios impressos ou para cardápios e matérias de revistas especializadas. "Desta maneira ela deve ter plasticidade e passar conceito ao mesmo tempo. Além de dar água na boca!", explica Berg. 

Na maioria das vezes as fotos são feitas no próprio restaurante, facilitando o acesso aos produtos. É montado um mini estúdio no local. Na hora de fotografar valem palpites, mas quem coordena é o fotógrafo.
"O cliente tem que dar um briefing, dizer o que quer e para que vai usar. É importante também que ele defina sua expectativa diante do trabalho, mas a partir daí, sou eu quem oriento a melhor forma de fazer, pela experiência adquirida."

Espetos do Pax Leblon:
"Colocar os espetos na taça de dry-martini
provocou um olhar diferente e divertido de um clássico"

As fotos também recebem uma produção especial. Assim como as modelos, o alimento precisa ser "maquiados", ou seja, os pratos são produzidos, monta-se um cenário, com o produto principal em destaque e acessórios para compor um clima, uma história daquele alimento.

Prato de peixe do Porcão, na Barra:
"Colocar o prato na bandeja de secagem dos garfos
também deu um apelo visual diferente e irresistível"
Berg também desenvolve projetos de portraits e fotografias documentais. Fora da gastronomia ganhou alguns prêmios: foi segundo colocado no Prêmio Esso de jornalismo em 2005, terceiro no Prêmio Furnas em 2004 e Ganhou o Prêmio Orilaxé, do Afro-reggae, em 2009. Em 20 de novembro desse ano, dia da consciência negra, o fotógrafo inaugurou sua exposição virtual Negra Cor, no Teatro Oi Futuro de Ipanema. 


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