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quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

O mundo que eu vejo

Quando o francês Nicéphore Niépce decidiu encontrar uma maneira de fixar as imagens que fazia na câmara escura, o processo fotográfico ainda era chamado de heliografia (gravura pela luz solar), por ele mesmo batizado. Em 1826, após experimentos químicos, consegue fixar uma imagem do quintal de sua casa em uma placa de estanho recoberta com betume e exposta por 8 horas à luz do sol.













Outros pesquisadores se dedicaram às experimentações e invenções até que a fotografia passou a ter importância para diversos estudos científicos. Na segunda metade do século XIX, por exemplo, a astronomia começa a utilizar a fotografia para registrar e estudar os corpos celestes.
Mas quem diria que um século depois esse olhar para o espaço através de uma lente seria a paixão de um menino português de apenas 12 anos, o qual se tornaria um importante astrofotógrafo, com fotos publicadas no site da Nasa?

Como fotógrafo Miguel começou cedo. Aos 19 anos fez um curso de fotografia em p&b. Ao mesmo tempo fazia suas observações com a câmera analógica acoplada ao telescópio. Adaptou em um monitor de tela verde uma câmera de vigilância para observar Saturno. As câmeras digitais vieram mais tarde.

Como astrônomo Miguel é amador. O que aprendeu foi lendo e observando. O primeiro livro que comprou intitulava-se "Introdução à astronomia e às observações Astronómicas", de Guilherme de Almeida e Máximo Ferreira. Atualmente, Claro é sócio da APAA (Associação Portuguesa de Astrónomos Amadores).

Para realizar seu trabalho, Miguel pode ou não usar um telescópio. Suas imagens são registradas por uma Canon DSLR 50D, com lentes luminosas, um tripé estável e um cabo disparador. Mas há uma ferramenta indispensável ao seu trabalho: a paciência. Ir em busca do lugar ideal para o enquadramento perfeito, longe de poluição, e por vezes algumas horas de espera para se obter efeitos fantásticos.

Nessa imagem, por exemplo, a fotografia foi conseguida pela soma de 328 imagens realizadas em um tempo de 2h e 44min. O resultado é o rastro da rotação de várias estrelas circundando a Estrela Polar.

Para o astrofotógrafo é difícil escolher um lugar ou uma imagem prediletos, mas uma questão é certa: "As paisagens astronômicas cativam e prendem a atenção das pessoas, sendo a Terra e o Céu indissociáveis."

"As imagens precisam ser processadas posteriormente, exigem técnicas próprias dependendo do objeto fotografado. No entanto, tenho o bom senso de manter algumas regras que particularmente considero importantes e intransponíveis. Uma das coisas que 'não aprovo' é a chamada montagem. Ela está no campo da ilustração e não da fotografia."

Para Miguel Claro o importante no final é transmitir sentimentos através de seu trabalho. "É muito agradável quando as pessoas correspondem mostrando o seu interesse e satisfação. Para mim é muito gratificante."



Outro ângulo...

Enquanto Miguel Claro foca as belezas celestes, outro mundo é explorado e registrado pelas lentes apaixonadas de Ary Amarante. Mergulhador e fotógrafo submarino, fez do hobby seu trabalho. Formado em análise de sistemas, resolveu comprar uma câmera daquelas analógicas para fotos em baixo d'água. Em seguida fez um curso de mergulho e foi para alto mar.

Seu trabalho ganhou visibilidade pelas fotografias divulgadas em concursos de revistas especializadas em mergulho, para as quais escreve alguns artigos. Há 2 anos e meio dá cursos de mergulho e de fotografia submarina pela empresa que fundou, a Pomacanthus, com uma média de 200 alunos por ano, e já escreveu 2 livros: Guia de identificação de peixes e Livro técnico de fotografia submarina.
Todos os seus cursos são homologados pela empresa americana certificadora de mergulho, PADI (Professional Association of Diving Instructors).

Para Amarante um bom fotógrafo submarino precisa saber mergulhar. Quanto maior o domínio das técnicas de mergulho maior será a concentração no trabalho artístico. O equipamento é especial, mas simples: uma ótima câmera digital, uma "caixa lacrada" específica para uso em baixo d'água e flashs especiais. O resultado são belas fotos e muita história pra contar.

"Em 99, eu ainda usava câmera analógica e fui mergulhar em Noronha com um grupo. O barco teve que voltar antes do que imaginava e então decidi ficar ali, sozinho. Me vi cercado de golfinhos, tranquilos. É um animal fantástico! Pareciam fazer pose pra mim."
"Outra vez, no Mar Vermelho, tive um 'encontro' com um tubarão super mal encarado. Ele ficou rondando entre os recifes onde eu estava e o barco. Fiquei uns 20 minutos ali, esperando ele desistir de mim e ir embora."

As melhores fotos, segundo Ary, são as do Oceano Índico e das Ilhas Maldivas, tanto pela beleza quanto pela biodiversidade. Mas independente do lugar o que ele gosta mesmo é do movimento desse mundo. "Tem que ter paciência, esperar o momento certo e cuidado para não espantar os peixes."

Seu olhar de fotógrafo? Bem, "é difícil definir isso... Eu gosto do não usual, tento fazer a foto não do que eu simplesmente vejo, mas do eu imagino ser a melhor foto, do que integra o ambiente, mostra a sensação desse lugar tão único."

O acervo do fotógrafo já passou de 3.000 fotos. E as próximas já tem lugar certo: Ilhas Maldivas e Dubai.

Vamos?



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